sábado, 6 de junho de 2009

Capítulo 1 – 8 | Deja Vu

Dimitri havia havia sido emboscado, Zargon estava ocupado, Kurt sumiu, não poderia cancelar o ataque aquela altura, Tinha que exterminar o Mestre a qualquer custo…

Enfim avistei a saída, a escada espiral terminava em uma escadaria que levava à uma espécie de torre suspensa, eu já podia sentir uma presença familiar no topo da torre, talvez duas, mas nada importava muito, a chuva amarga era forte e constante, enquanto corria pela beirada da torre suspensa, lembrava das vidas que haviam se perdido até hoje para este momento, nada me movia além da vingança.

Quando o cansaço já tomava conta de mim, retomei o folego ao ver o fim da escada, era o topo, e ali estava parado o mestre, com sua capa negra como a noite, me esperando o tempo todo, e ao seu lado um de seus lacaios, também encoberto por um manto negro.

— Finalmente, nossa batalha a muito prometida…

— Receio que não seja nossa primeira batalha… — a voz era assustadoramente familiar, o sangue parou por um segundo em meu corpo – …Irmãozinho…

—…C-Cornelius… — Mal podia acreditar, meu próprio irmão, meu inimigo de longa data que acreditava já estar morto estava ali bem a minha frente, como um fantasma de meu passado.

Ao me ver sem reação, ordenou com um gesto que seu lacaio me atacasse, mas no mesmo segundo Zargon se colocou entre nos dois e o segurou em sua lamina com dificuldade.

— Desculpa mas, coisa de família tem que ser resolvida pela família — Virou para mim com um sorriso sarcástico – Este aqui é meu!

Ao ver os dois mergulharem nas nuvens lutando, recobrei a consciência e empunhei minha espada com a determinação de que iria mais uma vez derrota-lo.

— Não vamos adiar o inevitável… — Cornelius sacou sua lamina e tomo postura de combate, seus olhos frios tinham uma certeza tão duvidosa quanto a minha.

Chovia, as rajadas de vento ásperas vinham como grandes paredes de todas as direções, o vento soprava nervoso como em um furacão, batidas frenéticas de metal contra metal se sobressaiam no cenário cinzento. Como se cada movimento fosse o ultimo de suas vidas, dois irmãos se enfrentavam ferozmente empunhando suas armas com a certeza da vitória em seus olhos.

Cornelius tinha um olhar voraz mas ao mesmo tempo vazio, buscando mais e mais poder,o ser parecia respirar com um ar superior, poderoso, seus movimentos precisos e calculados eram constantes naquele tilintar infinito, seus traços mortos misturavam de forma inexplicável a insanidade e a seriedade de alguém que sabe oque quer e como conseguir, vestia roupas lúgubres, negras como a noite. Seu irmão, Edward possuía traços faciais muito semelhantes porem fisicamente distintos em todo o resto, o olhar era determinado e transbordava sentimento, lutava por um ideal, com a garra de quem luta pelo ser amado, ficava na defensiva e esperava por uma chance para contra-atacar, vestia trajes longos e ternos, com um tom prateado, brilhante como seu olhar.

Depois de incontáveis minutos de batalha foi declarado um cessar fogo mutuo, e tomando fôlego para mais os dois continuaram se atacando com o olhar:

—Já faz muito tempo...irmãozinho, e você ficou bem mais forte, pena ainda não ser páreo para mim — Dizia Cornelius rodeando sua presa e apontando firmemente a espada para o oponente meio caído.

—Eu...não sou...seu irmãozinho — Dizia ofegante com um dos joelhos apoiados no chão molhado, rodeado por uma poça de sangue — A única coisa que possuímos em comum é o sangue que corre nas nossas veias, mas não por muito tempo! — E se levantou com firmeza apesar de ferido e apontou a espada para o oponente.

—Tolice irmãozinho, tolice. Deixe-me mostrar oque uma alma realmente forte pode fazer.

O olhar do oponente brilhou denovo —Alma? eu não vejo alma em um demônio como você!! — E sua espada se precipitou ferozmente contra o inimigo.

Quando a batalha parecia ter recomeçado o tilintar macabro foi abafado pela chuva que começara a acalmar, como num gesto
de pena pelo trágico destino de um dos lutadores, que sucumbira de forma brutal a lamina do outro. Fora perfurado no estomago e estava curvado de dor, com o olhar incrédulo por não ter compreendido o porque daquilo, e a calmaria sessou denovo pela voz fria de seu oponente:

— Frieza irmãozinho, Frieza. — disse apertando a lamina contra o abdômen de Edward com a satisfação lhe transbordando aos poros — Isso separa os fortes dos fracos.

Subitamente ele arrancou a espada do abdômen de um homem vencido e saiu calmamente com o sangue pingando de sua empunhadura, caminhando satisfeito e gargalhando, deixando seu irmão agonizando. Ajoelhado, Edward viu seu próprio sangue fugindo de seu corpo, ainda não entendera o porque de ter dado tão errado, e foi assim que padeceu ali mesmo em meio ao vento, a chuva, e a uma mente fria que agora se fazia completa, com um oponente a menos

—Agora, ao próximo passo...



Próximo capítulo: 1–9 | morte: passado, presente e futuro

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